Do latim, obsessione, a palavra obsessão significa: impertinência,
perseguição, vexação; Preocupação com determinada idéia, que domina
doentiamente o espírito, e resultante ou não de sentimentos recalcados;
idéia fixa; mania.
Normalmente o termo obsessão é usado como significado de idéia fixa em alguma coisa, como a definir um estado mental doentio.
Após a Codificação Espírita, esta palavra ganhou um significado mais profundo:
A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um
indivíduo. Apresenta-se caracteres muito diversos, desde a simples
influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação
completa do organismo e das faculdades mentais.
Com este conceito, Kardec, aproveitando o significado vulgar,
aprofundou-o mostrando as suas causas. Temos então que a obsessão é um
distúrbio mental gerado por influência negativa dos Espíritos, tendo
suas causas no passado culposo da criatura através de comportamentos
distantes da moral.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda chega a afirmar que somente há obsidiados porque há endividados espirituais.
Segundo Emmanuel, a obsessão é o equilíbrio de forças inferiores,
retratando-se entre si. E continua: Fenômeno de reflexão pura e simples,
não ocorre tão somente dos chamados mortos para os chamados vivos,
porque, na essência, muita vez aparece entre os próprios Espíritos
encarnados a se subjugarem reciprocamente pelos fios invisíveis da
sugestão.
Com isto, nosso querido mentor nos alerta que a obsessão é um
processo de sintonia, e sempre de forma bilateral, porque é sustentada
por um intercâmbio que funciona tanto de lá para cá, como de cá para lá.
Nesta mesma iluminada página Emmanuel diz que:
Toda obsessão começa pelo debuxo vago do pensamento alheio que nos visita, oculto.
Hoje é um pingo de sombra, amanhã linha firme, para depois, fazer-se um painel vigoroso, do qual assimilamos apelos infelizes.
Desta forma, vemos o caráter gradativo do processo obsessivo, e novamente a importância do “Vigiai e Orai”.
Mecanismo da Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda, pela mediunidade de Divaldo P. Franco,
informa como se dá o processo obsessivo. Vejamos a narrativa:
Quando o Espírito é encaminhado à reencarnação, traz, em forma de
“matrizes” vigorosas no perispírito, o de que necessita para a evolução.
Imprimem-se, então, tais fulcros nos tecidos em formação da estrutura
material de que se utilizará para as provações e expiações necessárias.
Se se volta para o bem e adquire títulos de valor moral, desarticula os
condicionamentos que lhe são impostos para o sofrimento e restabelece a
harmonia nos centros psicossomáticos, que passam, então, a gerar novas
vibrações aglutinantes de equilíbrio, a se fixarem no corpo físico em
forma de saúde, de paz, de júbilo… Se todavia, por indiferença ou por
prazer, jornadeia na frivolidade ou se encontra adormecido na
indolência, no momento próprio desperta automaticamente o mecanismo de
advertência, desorganizando-lhe a saúde e surgindo, por sintonia
psíquica, em conseqüência do desajustamento molecular no corpo físico,
as condições favoráveis a que os germens-vacina que se encontram no
organismo proliferem, dando lugar às enfermidades desta ou daquela
natureza. Outras vezes, como os recursos trazidos para a reencarnação,
em forma de energia vitalizadora, não foram renovados, ou, pelo
contrário, foram gastos em exageros, explodem as reservas e, pela queda
vibratória, que atira o invigilante noutra faixa de evolução, a sintonia
com entidades viciadas, perseguidoras e perversas, se faz mais fácil,
dando início aos demorados processos obsessivos (…)
Através deste valoroso ensinamento, vemos que o processo obsessivo só
se completa com a permissão do elemento encarnado, quando este,
invigilantemente, foge aos compromissos da renovação Cristã. Porque
mesmo que as “matrizes” já estejam gravadas, cabe a ele restabelecer a
harmonia pela vivenciação do bem, ou se entregar às tendências
desequilibradoras, através do jornadear nas frivolidades.
Variações do Processo Obsessivo
- Obsessão Simples – Segundo informação dos Espíritos, a obsessão simples é parasitose comum a quase todas as pessoas. Trata-se da simples influência negativa dos Espíritos em nossa vida. Para que isto aconteça, basta que nos sintonizemos com as forças contrárias ao bem, e, seja nos momentos de sono ou de vigília, os Espíritos sutilmente nos ditam as regras. Quase sempre todo processo de obsessão mais complicado, inicia-se em uma obsessão simples.
- Fascinação – É a ilusão produzida pela ação direta do Espírito obsidente, paralisando na criatura obsidiada o raciocínio. Nesse estado, a pessoa obsidiada perde a noção do ridículo e do discernimento. O Espírito obsessor lhe inspira a agir de determinada maneira em disparate, e para ela, a forma é bem lógica. Ou seja, o obsedado nunca acha que está errado, e tenta provar com todos os argumentos que está certo. É sem dúvida uma das mais graves formas de obsessão.
- Subjugação -À medida que se agrava o processo obsessivo, a vontade do obsessor vai aumentando o governo das ações do obsedado. A subjugação pode ser moral ou corporal:
- Moral: Ocorre quando o invasor domina moralmente o hospedeiro, levando-o a tomar atitudes comprometedoras. Já não é a vontade deste que comanda, mas do elemento perturbador. Seria como que uma fascinação mais agravada.
- Corporal: Dá-se quando o Espírito imanta-se a determinada pessoa, assenhorando-se dos centros do comando motor desta, e a domina fisicamente. Neste estado gravíssimo, a vítima fica inerte, cometendo atrocidades diversas.
Tipos de Obsessão
Se classificamos acima a obsessão quanto à forma de atuação dos
Espíritos, podemos classificá-la também quanto ao elemento obsessor, ou
seja, quanto a quem é o obsessor. Desta forma temos, a obsessão:
De encarnado para encarnado: É a obsessão realizada entre seres
encarnados, através do domínio mental e até mesmo físico. Esse domínio
muitas vezes é mascarado pelos termos ciúme, proteção, paixão, e até
mesmo, o que é pior, amor. Mas amor nestas bases nós particularmente
entendemos como “amor próprio”.
Acontece também sob o império do ódio ou outros sentimentos inferiores, como vingança, orgulho ferido etc..
De desencarnado para desencarnado: Há Espíritos que obsediam
Espíritos. É a prova de que os sentimentos não mudam só pelo ato do
desencarne. Quando um homem é de nível inferior, evolutivamente falando,
será também, até que mude de postura, Espírito inferior. Há nas
relações entre Espíritos verdadeiras relações de domínio de um em
relação a outros que se acham em desvantagem. O livro Libertação, do
Espírito André Luiz, sob a mediunidade de Francisco Cândido Xavier, é um
dos que tratam este tema com muita propriedade.
De encarnado para desencarnado: A princípio, poderíamos achar esta
hipótese um absurdo, mas podemos afirmar com segurança, que o fato é
muito mais comum do que podemos pensar.
Acontece quando criaturas desavisadas ligam-se obstinadamente aos
entes queridos que desencarnaram antes, fincando a elas jungidas seja
pela revolta ante o fato, ou por sentimento de perda.
É fruto do amor egoísta e possessivo que domina nosso ambiente
planetário, agravado ainda pela falta de informação e consciência de
culpa, ou ainda pelo sentimento de ódio, inveja ou vingança.
De desencarnado para encarnado: Esse é o mais conhecido, e o que tratamos mais comumente.
O fator vigilância, para o obsedado, é de suma importância, porquanto
o obsessor desencarnado leva vantagem de nem sempre ser visto ou
percebido, agindo assim com mais tranqüilidade, pois, ao contrário, tudo
vê e percebe.
Obsessão recíproca: Como já dissemos anteriormente, nenhuma obsessão é
unilateral, mas podemos qualificar como obsessão recíproca, a que ambos
os elementos sentem-se dependentes um do outro, sendo muitas vezes até
perigoso desligá-los rapidamente.
André Luiz narra um destes casos em sua obra, “Nos Domínios da
Mediunidade”. É o caso de Libório, que obsediava a esposa por quem
sentia verdadeira paixão, vampirizando-lhe o corpo físico. Esclarece
desta forma o autor Espiritual:
O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está
presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma
onda. É um caso de perseguição recíproca (…) enquanto não lhes
modificamos as disposições espirituais (…) jazem no regime de escravidão
mútua, em que obsessores e obsidiados se nutrem das emanações uns dos
outros.
Conclusão
O processo obsessivo é uma característica de mundos ainda atrasados
moralmente, pois é fruto do egoísmo, da maldade e da falta de perdão.
Tanto o tratamento como a profilaxia podem ser facilitados com o uso
da prece, da água fluidificada, de passes, etc.. Mas o mais importante
mesmo, o único remédio realmente eficaz, é a reforma íntima em bases de
amor. Daquele amor ensinado pelo Meigo Rabi da Galiléia, nosso Querido
Mestre: Jesus.
Livro: Apostila do Curso de Espiritismo e Evangelho